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Ambiguidade: a cara do Amarelo

Foto do escritor: Stela Branding Stela Branding

Já falei da aparência vibrante e dos usos discriminatório e sagrado do amarelo, e hoje irei abordar a acidez da cor. Azedo, refrescante e amargo são as sensações de paladar relacionadas a esta cor. Quanto mais esverdeado o amarelo, maior a nossa sensação da acidez. Por outro lado, quanto mais vivo e próximo ao dourado, maior a referência de saudabilidade do alimento ou objeto banhado pelo amarelo.


Por nos remeter à acidez e toxicidade, o tom nos faz prestar a atenção ao amarelo como uma cor de aviso. Este fato, associado à sua alta visibilidade à distância (é a cor mais visível à distância, e em meio à fatores como chuva e nevoeiro) fez o amarelo fosse eleito a cor internacional das advertências - uma referência aos produtos venenosos ou radioativos e aos locais protegidos pela lei, quando circundados por faixas listradas em amarelo e preto.


Para garantir a segurança de todas as pessoas nos ambientes externos, nenhuma placa de trânsito pode ser ignorada. Por isso, foram criadas algumas regras internacionais de trânsito que tem como premissa básica o maior contraste possível entre o fundo da placa e o seu texto, e é aí que a combinação fundo amarelo e texto em preto se destaca como a combinação mais eficiente para esta situação.



Por ser muito visível à distância, no Tour de France o melhor ciclista de cada corrida se veste de amarelo, para todos possam o ver à distância. O mesmo acontece com as bolas de tênis, que ganharam a cor amarela para melhorar a sua visualização nas transmissões televisivas dos jogos.


Judas Iscariotes, o traidor de Jesus, na maioria das vezes é representado de amarelo. Não é toa que na política a cor relaciona-se aos traidores e que não tem grande destaque na identidade visual de nenhum partido político. Historicamente, isso vem de dois fatos: os hereges da Inquisição compareciam aos tribunais vestindo um capote amarelo e os “Sindicatos Amarelos” que existiam na Alemanha, França e Espanha, e que defendiam ora os interesses dos operários, ora o interesse dos patrões, dependendo da situação que mais lhes conviesse no momento.

Beijo de Judas – Giotto, 1304

Com todas essas associações, não é de se estranhar que o amarelo tenha se tornado uma cor antipática e pouco apreciada pelas pessoas, embora a pesquisa Global Color Survey tenha identificado que para 80% das pessoas em todo o mundo o amarelo seja a cor que mais representa a felicidade. Parágrafo ambíguo não? Ele só reforça a ideia de que sempre, vamos interpretar uma cor a partir de seu contexto e das cores (e situações) que estão em seu entorno. Concorda?

texto originalmente publicado na minha coluna Nau de Cores, do Blog4Hands.

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