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Foto do escritorStela Branding

O laranja sagrado

Tudo que falei até agora sobre o laranja diz respeito à representação simbólica que lhe conferida à cor na Europa e nas Américas. Vamos deixa-las de lado, e nos debruçar sobre o oriente.

Como já disse por aqui, o vermelho é a cor simbólica de todas as atividades que demandam mais paixão do que compreensão, e por isso aparece em grandes representações de felicidade. Já amarelo traz consigo o sentido da iluminação, da perfeição e do divino. O laranja, cromaticamente no meio deles, pode assumir a representação do caminho das paixões para a iluminação, especialmente para as culturas orientais.


Assim, o laranja representa a transformação como nenhuma outra cor. A transformação é um dos princípios fundamentais do confucionismo, a antiga religião chinesa. É uma religião sem igreja, sem sacerdotes, que tem no imperador a sua figura máxima – assim ela une os domínios mundano e espiritual e reconhece que das forças Yin/Yang (feminino/masculino) não são opostos rígidos, mas se transformam um no outro.


Na arte asiática, o laranja assume as significações mais diversificadas, capaz de descrever todos os opostos. Na pintura asiática, por toda parte se veem deuses e homens vestidos de laranja. Até mesmo o céu pode ser dessa cor.

O Budismo surgiu mais ou menos na mesma época do Confucionismo, e os devotos de cada uma dessas religiões jamais se combateram. No budismo, o laranja, é a cor da iluminação, do mais alto grau da perfeição. No confucionismo, é a cor da transformação.


O laranja, é uma cor sagrada para essas religiões. Tão sagrada, que está na bandeira da Índia, outro país extremamente apegado às suas tradições e religiosidade. Tradicionalmente, os indianos a relacionam com a cor da sua pele – da mesma forma que os caucasianos relacionam a cor da sua pele com a cor branca. Nas pinturas hindus, as divindades são pintadas com uma pele de uma cor luminosamente alaranjada.



Aliás, para os indianos, há muito mais tons de laranja do que para os europeus. Nuances como o “amarelo indiano”, obtido a partir da urina das vacas, é um tom de laranja claro (para os indianos), e tons terra, como o ocre queimado e terra de Siena, são derivados de tons laranja – para os europeus esses são tons de marrom.


Muitas plantas podem tingir no tom laranja, entre elas o açafrão (que também dá origem aos pigmentos amarelos), originário das Índias Orientais. Embora o tingimento em laranja fosse muito caro na Europa, na Índia, os nobres usavam vestidos tingidos de açafrão – desde o amarelo claro, até o laranja bem escuro.

A Henna é famosa como corante de cabelos e pele. Com ela se pode tingir também tecidos e couros.


Com ela, o couro assume uma coloração vermelho acastanhada, a seda e o algodão adquirem um laranja luminoso. Para cerimônias tradicionais, as indianas ornamentam suas mãos e seus pés com Henna. Os homens tingem suas barbas com ela. Os árabes chegam a tingir até as crinas de seus preciosos cavalos com a cor sagrada.

*texto originalmente publicado na minha coluna Nau de Cores, do Blog4Hands.

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